- Laura Assis
Acima do céu
E quando eu vi os teus olhos pela porta entreaberta
Eu senti meu corpo todo desmanchar
Apenas porque você sustentou o meu olhar
Entorpecida levantei-me vagarosamente
Desejando tocar seu corpo deliberadamente
- o proibido me persegue
Entre nós nunca houve nada, nenhuma letra certa
Os números todos fora do lugar
As palavras escritas com uma letra tão pequena
Que meus olhos se esforçavam para ler
Os seus dedos presos em meu cabelo
E a minha imaginação correndo por aí
Cada célula em estado de alerta
E aquela porta sempre, sempre aberta
Me dizia que eu mais do que tudo merecia
Sentir tudo aquilo dentro de mim
Sem pensar em início, meio e fim
Sem preocupar-me com os cálculos
E jamais, jamais culpar-me por enfim
Ter aquilo que sempre imaginei
E à lápis num rascunho desenhei
- o proibido me persegue
De tanto hesitar e coragem procurar
Acho que, cansada, a porta se fechou
Mas eu não me arrependi de calcular
O risco que dia após dia se delineou
E sentada à lareira aquecida neste momento
Busco na memória à todo e qualquer custo
Um pequeno rastro do seu sentimento