Laura Assis
Contrariada, despeço-me
Caminho entre as covas cheias de flores
Lembranças mortas assim como estes moradores
Antes tão vívidos, agora enterrados amores
Sem cura para a alma, sem alento para as dores
Amigos que deixei partir e vi desvanecer
Outros, não tive escolha, vi desaparecer
Ainda assisto velhos vídeos e fico a sofrer
Por tão grande e estimado amigo, num golpe, perder
Caminho entre as covas sem muitas lembranças
De ser atingida por um golpe de esperança
Ver surgir a face a que me acostumei com a confiança
E constatar que tudo não passou de uma breve intemperança
Mas não vejo sequer os rastros daquela bela amizade
Que me preenchia os dias com consolo e bondade
Que me entregava poemas frescos, somente a verdade
Que em versos simples me apresentou a liberdade
Um amigo sincero, que se tornaria quase um irmão
Sem nenhum outro ponto de vista do meu coração
Que de graça recebia e me entregava afeição
E era sabido que não havia nenhuma outra intenção
Caminho e me sento em em frente à cova rasa
Onde enterraram meu amigo, sua nova casa
Uma lágrima deixo cair, queimando meu rosto em brasa
E sigo em frente, procurando novas asas