Laura Assis
Indian Candy
Com seu jeans azul e sua camisa
Branca, gola frouxa, desabotoada
Descalço à minha porta, olhando-me
Devora-me e eu, igualmente
Olho-me no reflexo no espelho
Na moldura, ao lado da porta
Falas, enche o ar com sua voz
Deliciosamente provocante
Mas meus pensamentos vagam
Em outro corpo, em outros lábios
Num hálito de hortelã
Que por força do destino nunca
Nunca mais voltei a sentir
Vago entre a sua presença
E a lembrança daqueles dias
De verão
Aqueles olhos quase verdes
Por onde eu me perdia
Constantemente
Onde eu mergulhava plena
Continuas de pé, à porta
Devorando-me e dizendo absurdos
Coisas que só você diz, coisas
Que você só diz pra me instigar
A pular nos teus braços e pedir
"Devora-me"
Mas eu deveria ter contado que
Quando te abraço, fecho os olhos
E penso nele, que se foi