Laura Assis
Silenciosidades
Então eu comecei a jogar os travesseiros para fora da cama
E, no banho, a música começou a me incomodar
Com os travesseiros lançados ao chão eu me sentava com os pés pra cima
E ouvia ainda um soluço, misturado à vontade de pegá-los de volta
E à irresoluta necessidade de vê-los atirados para longe de mim
Sentava-me, ainda, com a água do chuveiro caindo sobre a minha débil e inconstante alma
Inquieta e grata pelo silêncio interrompido apenas pelo fungar entristecido
E muitas vezes cheio de uma cólera fugaz que me atava ao piso
A cólera do seu silêncio também me enlouquecia, por igual
E eu me debatia na cama, no chuveiro, mas permanecia de pé
Irresistivelmente plácida em horário comercial