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Ricardo J. Dunder

Qual o gênero você escreve?

Literatura Fantástica

Para começar, gostaria de saber sua opinião sobre o cenário literário atual no Brasil. Quais são os principais desafios e oportunidades que você visualiza para escritores nacionais?

O cenário literário brasileiro é complexo, temos muitos autores independentes buscando um lugar ao sol, em um pais que a grande maioria não tem o costume de ler. Os desafios são os mais distintos, pois vão desde a disponibilidade de tempo para a escrita, dinheiro para revisão, diagramação, capa e afins, até a conquista de um público fiel e engajado que se envolva com a história. Sobre oportunidades vejo certa mudança com bons olhos, hoje as ferramentas para publicação estão mais amplas, como os meios digitais, vendas sob demanda e novas editoras surgindo. Essas mudanças fogem dos modelos de quinze anos atrás onde tínhamos apenas as editoras tradicionais e as editoras tipo gráfica que por meio de parcerias acabavam tornando o processo mais caro.

Muitos escritores usaram a literatura como uma ferramenta para abordar questões sociais e políticas. Qual é a sua visão sobre a responsabilidade do autor no que diz respeito a abordar temas relevantes em sua obra?

O escritor acima de tudo é um criador de mundos e dentro da sua criação ele transmite a mensagem que deseja e aquilo que sente no momento e isso incluí a realidade em que vive. Seja com o Graciliano Ramos em Vidas Secas abordando a vida do sertanejo, ou em Quarto de Despejo da Carolina Maria de Jesus que através do seu diário traz a vida sofrida em uma comunidade. Quando o autor aborda um tema sensível, ele está abrindo os olhos do leitor e isso é de extrema importância por muitas vezes ajudar a quebrar a alienação e estourar certas bolhas por exemplo. Entretanto, a abordagem deve ser feita sempre de modo responsável e coerente, uma vez que as pessoas estão muito reativas e qualquer fagulha pode se tornar uma fogueira.

Muitos escritores têm rituais ou hábitos de escrita. Você tem algum ritual ou método específico que o ajuda a entrar no "modo escritor" quando está criando?

Eu tenho o escritório em casa, uma bagunça organizada onde fico mais a vontade, geralmente quando vou escrever abro o Youtube e coloco jazz para ouvir, gosto de rock, mas se colocar para escutar, começo a ouvir, me disperso e não faço mais nada. Mas quando a música é apenas tocada já me ajuda bastante a migrar para as terras da Aurora e do Poente e fazer minha história fluir.

Você acha que a literatura brasileira pode contribuir para o diálogo social e a mudança no país?

Sim. Desde que todos tenham acesso com certeza.

Quais são os desafios que os escritores enfrentam nacionais ao tentar se destacar em um mercado tão diversificado e competitivo?

São os mais diversificados, como havia dito, vão desde a parte financeira, até conseguir atingir o seu público. No meu caso por exemplo, há muita gente boa escrevendo literatura fantástica e fica a pergunta como trazer material para engajar o público sem revelar muito ou dar spoilers sobre a obra? Ah sim, também passamos por um período onde os livros que vendiam eram mais sobre youtubers e foge um pouco das temáticas literárias que estamos acostumados.

Agora, falando sobre o seu próprio trabalho, quais são as influências e temas que mais o(a) inspiraram ao escrever?

Tenho forte inspiração no estilo de narrativa das Crônicas do Gelo e do Fogo do George R.R. Martin, me fascina o estilo de escrita contando a história pelo ponto de vista de vários personagens. Também sou fã da mitologia do Neil Gaiman, a criação de Sandman e os Perpétuos é algo que fala por si só e me ajudou a criar as divindades da história. Também tive forte influência de desenhos e animes da década de noventa, mas caro leitor não se assuste com essa miscelânea, pois ao ler, você vai ver que faz sentido.

Qual dos seus livros você mais gostou de escrever?

Escrever um livro é como criar um filho, há todo um cuidado, dedicação e expectativas com o desenvolvimento e o resultado da criação. É sempre muito difícil a escolha, mas gosto muito do livro dois da segunda saga chamado a "A Lenda dos Três Totens", nele eu consegui mergulhar de vez na mitologia criada, além de temáticas mais adultas na história.

Conte uma curiosidade/fato interessante sobre um de seus livros.

Os dois livros da primeira saga eu comecei contando como uma história sem compromisso para minhas duas sobrinhas na época com oito e cinco anos e de algo que era um passatempo surgiram as histórias.

Agora, uma pergunta divertida para finalizar: Se você pudesse ter um personagem de um de seus livros como seu melhor amigo na vida real, quem seria e por quê?

Olha seria o Cajá a Chinchila Ninja Estúpida, ele é o mestre das piadas ruins, do total falta de sentido, mas tem bom coração e sem querer os insights dele são super importantes para a história.

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