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Thiago Barrozo

Qual o gênero você escreve?

Romance Policial.

Como a literatura começou em sua vida e qual foi o momento crucial que a fez decidir se tornar um escritor?

Escrevo profissionalmente há vinte anos, atuando como jornalista nas editorias de política, economia e relações internacionais. A entrada no mundo da ficção ocorreu no final de 2022, quando decidi transformar todo mal-estar, toda angústia, provocados pela pandemia em arte. Foi difícil superar a síndrome de impostor, mas hoje, olhando para trás, creio que foi um passo bem dado. Estou muito feliz com os comentários e amigos feitos neste primeiro ano de jornada.

Muitos escritores usaram a literatura como uma ferramenta para abordar questões sociais e políticas. Qual é a sua visão sobre a responsabilidade do autor no que diz respeito a abordar temas relevantes em sua obra?

Vejo esta abordagem como uma possibilidade, mas não uma obrigatoriedade. No meu caso, preferi incluir elementos políticos e sociais no thriller policial "O Homem que Explodiu o Presidente" por construir uma trama fundamentada nestes dois aspectos e naquele que é um dos sentimentos mais intrínsecos e primitivos do homem: o desejo por vingança.

Muitos escritores têm rituais ou hábitos de escrita. Você tem algum ritual ou método específico que o ajuda a entrar no "modo escritor" quando está criando?

A correria do dia a dia, infelizmente, inviabiliza qualquer ritual para mim. Em contrapartida, busco traçar metas para acompanhar o desenvolvimento dos meus projetos literários como, por exemplo, escrever 500 palavras por dia. O lado positivo é que esse caos me propiciou a vantagem de escrever em qualquer ambiente: numa conferência sobre mudanças climáticas, na sala de espera do dentista, no saguão de um aeroporto lotado.

Muitos escritores encontram inspiração em suas próprias experiências e vivências. Você acredita que suas vivências pessoais desempenham um papel significativo em sua obra?

Demais. Diria que as experiências pessoais constituem uma parte fundamental da minha escrita. Não trocamos de olhos nem de ouvidos quando escrevemos. Usamos os mesmos sentidos que nos ajudam a interpretar o mundo a nossa volta. É natural transportar estas experiências para o papel - nem que seja para antagonizá-las radicalmente.

Em sua opinião, quais são os principais desafios enfrentados pelo mercado literário nacional atualmente?

São vários. Creio que o mais importante seja lidar com uma população que ainda lê muito pouco e, consequentemente, limita o mercado consumidor. A preferência de editoras, distribuidoras e livrarias por bestsellers e autores estrangeiros também dificulta a vida dos autores nacionais. O apetite ao risco é mínimo neste mercado.

A literatura nacional tem um lugar especial na formação da identidade cultural de um país. Como você acha que sua obra contribui para a representação da cultura e da sociedade brasileira?

Busquei incluir elementos singulares da nossa realidade - em especial os que observo em São Paulo e outros centros urbanos do país - em "O Homem que Explodiu o Presidente", tais como: a situação degradante das pessoas vivendo em situação de rua, o tráfico sexual, a impunidade dos poderosos, a informalidade no mercado de trabalho.

Agora, falando sobre o seu próprio trabalho, quais são as influências e temas que mais o(a) inspiraram ao escrever?

Gosto muito de um movimento literário chamado realismo. Por isso, no meu próximo thriller pretende abordar temas como machismo, exploração da mulher, racismo e corrupção policial.

Sua obra aborda questões específicas da cultura brasileira? Se sim, que temas você considera mais importantes e por que? Se não, gostaria de falar brevemente sobre o universo em que sua obra está situada?

Sim. Desde referências musicais, como um personagem apaixonado por Tim Maia, até citações de casos peculiares como o da Grávida de Taubaté e de personagens icônicos da nossa cultura como o Zé Gotinha.

Como você lida com a crítica literária e o feedback dos leitores? De que forma isso afeta seu processo de escrita?

Adoro críticas. Principalmente as que apontam falhas e espaço para crescimento. O elogio vazio só faz bem ao ego. E ego demais faz mal à literatura.

Quais são os projetos literários em que você está trabalhando atualmente? Como eles se encaixaram em sua trajetória como escritor?

Estou trabalhando num conto policial a ser publicado numa antologia da Editora Alarde que é parte do Ghost Story Challenge, um evento organizado pela Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST). Também terminei a primeira revisão do meu novo thriller, que deve sair no primeiro semestre do ano que vem.

Para encerrar, qual mensagem você gostaria de transmitir aos leitores e à sociedade em geral sobre o valor da literatura e da escrita em nossa cultura?

Valorizar a cultura é valorizar a própria identidade, é compreender seu papel no mundo. A literatura, por permitir um mergulho profundo na psique humana, é fundamental para nos ajudar a navegar por essas águas turbulentas e, muitas vezes, lodosas. Leia. A leitura liberta e nos torna seres pensantes.

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